• Devaneios sobre o fediverso

    Em maio fez dois anos que estou no Fediverso, mais especificamente, no Mastodon. Nesse tempo, ficou claro para mim que a descentralidade é o futuro da internet, assim como ficou claro que ninguém tem a menor ideia de como lidar com uma série de coisas sem uma autoridade centralizada de controle. Já tentei, algumas vezes, fomentar conversas sobre isso no Mastodon mas nunca tive muito sucesso (talvez eu tivesse mais sorte se postasse em inglês, coisas que eu detesto fazer). Hoje eu vou aproveitar esse espaço sem limite de caracteres para falar um pouco sobre o que eu acredito ser o caminho, e discutir possíveis soluções para alguns problemas.

  • Adicionando comentários ao Jekyll

    Esse blog foi criado usando Jekyll, um gerador de sites a partir de conteúdo estático, e esta hospedado no Github Pages. Eu não sabia nada sobre nenhum dos dois no momento em que iniciei minha jornada para criar um blog em pleno ano do nosso senhor de 2024. Levei dois dias entre aprender sobre o Jekyll, criar o projeto no Github Pages e migrar todo o conteúdo que eu havia postado anteriormente no Medium que, em um futuro proximo, pretendo desativar.

  • Lá e de volta outra vez

    Eu ando meio afastado da literatura. A verdade é que, em algum ponto, minha incompetência começou a me incomodar. Apesar disso, quase todo dia, eu sinto vontade de escrever sobre alguma coisa, seja para registrar descobertas ou só para compartilhar com o mundo uma opinião.

  • O de todo dia

    Solidão é uma porra de um lugar comum. Tava tocando ukelele, o que faço muito mal , mas como só faço isso em ano bissexto o fura bolo da mão esquerda tá doendo quando digito. Ta dolorido de apertar as cordas. Talvez tenha entrado algum pelo macroscópico quando eu cocei a barba. Tá estranho. Essa de pelo microscópio parece piada, mas não é, meus pelos são super afiados, já fiquei com um preso na mão, incômoda para um caralho.

  • O homem que roubava títulos

    Eu sempre odiei texto sobre o ato de escrever. Metalinguística é um negócio complicado e precisa de muito talento para não ficar uma merda. Mas hoje eu vou de “querido diário” nessa linha, porque estou com vontade de escrever e essa vontade é rara, não se pode desperdiçar. Escrever é como sexo, texto mais ou menos é melhor que texto nenhum.

  • BioTétrico

    Eu não temo a morte, e não compreendo esse temor.
    O meu medo da vida é muito maior.
    A morte é inócua, insípida, inodora e, em última instância, indolor.
    A vida primeiro dói, o resto é só consequência.

  • Até no pódio da derrota cheguei em segundo

    Sou um atleta da derrota,
    faço dela meu legado.
    Não que eu perca sempre,
    vitórias são inevitáveis, até para um talento como eu.\

  • Instalando o token Safran Morpho no Fedora 36

    Este artigo visa orientar a instalação do token Safran Morpho no Fedora Worksatation 36, mas instruções gerais serão apresentadas e talvez seja possível adaptá-lo a outras distros. Também não vou tratar aqui de instalação da caideia de certificados, já que as cadeias necessárias variam de acordo com o com o tempo a instituição.

  • Minha praga bíblica particular

    Ainda me pergunto para onde foram os besouros. A mata ao redor da cidade continua igual e não acho que um rio a menos faça tanta diferença assim. Será que só se cansaram de ser mal recebidos? Mudaram seus hábitos migratórios? Nunca existiram fora da minha cabeça? Quem sabe.

  • RPG Design — Variantes de Rolagem

    No texto anterior, exploramos o básico de métodos de rolagem, mas esses métodos raramente são usados em seu estado puro. É comum que métodos diferentes sejam combinados em algum grau, ou mesmo sejam usados em pontos isolados da mecânica. Além disso, também é comum que variantes sejam empilhadas sobre essas combinações com o intuito de gerar efeitos matemáticos pontuais para corrigir falhas ou amenizar efeitos colaterais indesejados do tipo de rolagem escolhida.

  • O neto carrasco

    Eu sempre temi a cegueira, ainda nos meus vinte anos fui avisado por um médico que, provavelmente, ficaria cego. Pra minha sorte, cai no condicional do advérbio. Apesar disso, de todas as deficiências envolvendo sentidos, sempre acreditei ser a cegueira a mais pesada. Agora, distante da ameaça de ser tomado por ela, já não tenho certeza.

  • Tenho tempo até demais

    “Estou sem tempo” é uma desculpa maravilhosa. Irrefutável na loucura da produção. Não conheço ninguém que não esteja sem tempo, fazendo mil coisas, correndo de lá pra cá. E, por ser irrefutável, é a melhor das mentiras.

  • Para se amar é preciso amar os outros

    Na era do cancelamento do twitter, eu tenho evitado escrever sobre certas coisas, ou, pelo menos, tenho evitado escrever e assinar. Mas hoje acordei com vontade de ser cancelado. Vamos falar de amor-próprio.

  • Conquistas

    Não tenho vontade de respostas,
    não mais.
    Nenhuma resposta vai trazer de volta o que eu perdi,
    nenhuma explicação.
    Não.
    Agora só tenho vontade de conquistas.

  • Lamúrias

    Sempre achei curiosa a atração das pessoas pelas lamúrias alheiras. Não para ouvi-las, é claro, isso é entediante, mas para lê-las. Incluo-me nisso. Gosto de ler sobre os desastres cotidianos dos outros, de preferência mascarados com um toque de humor por uma boa prosa. E eu, que não faço isso a sei lá quantos anos, hoje vim me lamuriar.

  • A Fada do Bigodão

    Luíza, deitada na cama, encarava o teto salpicado de estrelinhas adesivas cheias de glitter. O quarto tinha sido decorado quando ela tinha oito anos. Na época, fazia sentido. Agora, ela tinha trinta e seis, e os pontinhos brilhantes tinham sido ressignificados por uma vida de insucessos. Cada estrelinha era como um sonho morto.

  • Dezessete Graus

    Ana enlouquecia com o ar condicionado, ou melhor, com a falta dele. O apartamento de uma única e estreita janela a fazia andar quase nua. Era isso ou a combustão. Escolheu gastar as economias no concerto, a outra opção seria gastá-las inventando motivos para se ausentar do pequeno forno ao qual chamava de lar, mas sairia mais caro.

  • Inveja (dos contemporâneos) mata

    Sinto-me pouco contemporâneo, cheguei a essa conclusão. Passei um tempo pensando sobre a natureza desse sentimento e percebi o abraço apertado que ainda me prende ao passado. Consegui entender melhor o motivo de eu gostar tanto de ambientar meus textos cinquenta, sessenta anos atrás, sem celulares, sem internet, e a uma distância confortável e analítica dos fatos. Eu estou desligado do hoje, do agora, pelo menos em parte.

  • Principezinho

    Quando, pela primeira vez, soube do principezinho inquirindo por carneiros, me encantou a suavidade. Vi ali, reverberada em cabelos de trigo, a marca forte da infância, o dom que é carregar olhos ingênuos.

    Olhos que perdemos cedo, com a obrigação soturna de vivermos expulsos do éden da nossa própria história. Relegados. Capturados pelo envelhecer das ternuras e das carnes. Terrivelmente embrutecidos pelo hostil.

    Despenca sobre nós uma realidade árida e impiedosa, que comprime o que somos com a força de mil atmosferas até só restar um grão de arroz vermelho sangue. Nos circunscreve o espírito. Dali não saímos mais, já não é possível.

    Então, os olhos do principezinho se fecham em nós. Adiante, o turvo da segunda vista, castigada em excessos, nos impede de ver a perfeição dentro da caixa, o elefante dentro da cobra. Transforma o mundo inteiro em uma loja de chapéus.

  • J de Jemido

    Jota revirou-se na cama, transbordando de auto piedade. Tentava expor ao mundo a terrível moléstia da qual padecia, mas fracassava em convencer até a si mesmo. O rosto se iluminava, intermitente, com a luz da tela do celular. Não tinha forças pra começar nada, tão pouco conseguia deixar de responder a cada tremida ou apito de comando do aparelho.

  • Consumido

    Me esvaí. Poderia parar aqui, nessa síntese honesta de todo o resto. Mas acabarei por elaborar, pelo bem de ninguém. Para me ocupar um instante, para me comprar tempo.

    O fogo que mora dentro não mora. Ou melhor, mudou-se, partiu e não deixou endereço. Tudo está morno, naquela réstia de calor que fica após a brasa apagar.

    Depois, o cinza frio tomará conta. Vai ficar ali um tudo a mesma coisa, um resto de restos. Daquilo que foi, não restará nada além do sentimento de ter sido.

  • Onde ninguém jamais esteve

    A Nemo saiu de dobra num solavanco e todos os alarmes começaram a soar. Os sensores indicavam uma ejeção de massa coronal. A gigante vermelha que os havia chutado para fora do hiperespaço agora atraia a nave com seu campo gravitacional imenso. Os motores de empuxo estavam no limite, mas a nave continuou desacelerando até parar, então passou a mover-se em direção a estrela.

  • Empachado

    Sou do interior, mas nunca fui do interior. Nunca tive em mim as qualidades do habitante do sertão. Sempre detestei jambo, graviola, seriguela e chuva; uma heresia atrás da outra. Sem contar que sou frouxo, tenho medo de bicho e sou pouco afeito ao confronto. Não obstante tudo isso, nasci lá, e sempre me perguntei se isso bastava para me declarar sertanejo.

  • Depiladora e Pedicure

    Os irmãos tiveram de atravessar a cidade inteira para chegar no local da demanda. Busão lotado, foi o que deu pra fazer. De tão baixa que era a recompensa, se fossem pagar um uber ficariam no prejuízo.

    — Cleiton, vai se adiantando aí que a gente desce na próxima.

    — Cara, acho que não vai dar não. Tô mal conseguindo respirar aqui e tu quer que eu me mexa?

    — Bora, Cleiton, deixa de graça! Senão, tu sabe como tá lá em casa, tem nem pra janta hoje.

    — Tá certo — Cleiton suspirou. — Senhora, leva mal não, mas vou ter que dar uma forçadinha aqui pra passar. Com todo respeito aí, beleza?

  • Infalível

    Era uma profecia, a tradução indicava o fim do mundo pra dali a dois dias. Rogério tirou os óculos e coçou a barba. Quatorze meses metido no meio da floresta, calor, mosquitos do tamanho de um boeing, malária, bolsa atrasada. Ele tinha superado tudo na esperança de encontrar um artefato realmente significativo, algo para provar a diversidade cultural dos Yatan em relação ao resto das Américas. E agora, a grande descoberta era uma cópia mal engendrada das profecias de apocalipse Maias.

  • Números

    Sonho ser par, capaz de dividir. Escapar da solidão de um e alguma coisa, do compartilhar condicionado a complemento. Quero sobrar.

  • Oficialmente um tamanduá

    Oficialmente, era um tamanduá. O DNA não batia, as proporções estavam todas erradas e a coisa não tinha sequer pelagem, mas alguém carimbou e encerraram o caso. Ninguém se importava, essa era a verdade. A vítima estava morta, o bicho também, não havia porque investigar mais. No fim do dia, foi todo mundo pra casa tomar uma gelada. Poderia ter terminado assim pra mim, infelizmente havia uma diferença entre eles e eu: eu ouvi as palavras.

  • Ferrugem

    Ando sumido.
    Ando sumindo,
    Perdido, virando fumaça.
    Ando sobrando, esparramado.

  • A Loja

    Parecia um dilúvio, mas talvez fosse questão de perspectiva. Já era raro a cidade ver chuva, ainda mais tanta água assim em novembro. Longe do carro, Alberto e Amélia corriam como ratos em busca de abrigo, uma marquise que fosse. A esperança de encontrar algum lugar funcionando no feriado já chegava ao fim quando viram um neon de “aberto” exibindo seu exuberante azul em meio aos pingos. Entraram.

  • O Gato

    Viu o gato saltar pela janela. Quando o olhar voltou-se ao centro da sala, percebeu o corpo, um dos sapatos a dois passos de distância. Concentrou-se no sapato. Vermelho, salto de alturas vertiginosas, manchado com um outro tom da cor. Ficou ali encarando o calçado, pensando em números. Trinta e oito? Quarenta? Definitivamente quarenta. Mas qual mulher calça quarenta? Perguntou a si mesmo recebendo uma resposta imediata do próprio cérebro: Várias, seu imbecil, agora chame a polícia.

  • Metrópole sul

    O que você acha que precisa para ser uma potência mundial, parceiro? Se você respondeu “grana” não tá errado, mas tem país por aí entupido de dinheiro e irrelevante na política internacional. Vou te mandar a real, a resposta é “poder de fogo”. Quando você tem a capacidade de varrer uma nação da face da terra sem muito esforço, você tá no jogo. É por isso que, agora, uns setenta por cento do globo fala o idioma brasileiro. Os parças obrigaram até Portugal a adequar as regras gramaticais deles ao nosso idioma.

  • RPG Design — Rolagens

    No último texto abordamos mídias, em especial os dados, que são a mídia usada no Mono, seus efeitos matemáticos e o sentimento que essa matemática gera. Mas decidir por uma mídia é só o início do processo de resolução de conflito. Os resultados gerados ainda podem ser interpretados e aplicados de formas variadas, reforçando ou abrandando as características matemáticas da mídia escolhida. Agora vamos tratar sobre as formas mais comuns de interpretar a informação gerada por uma jogada de dados

  • RPG Design — Resolução de Conflitos

    No final do texto anterior havia sido comentado que daríamos prosseguimento ao assunto de ferramentas mas, uma vez que a métrica de quantificação das ferramentas é inteiramente dependente da matemática utilizada na resolução geral de conflitos do Mono, consideramos mais oportuno falar primeiro sobre essa matemática para, só então, voltar as ferramentas e a sua quantificação.

  • Barganha

    Prendeu a fiação na turbina improvisada, um toque na alavanca do pequeno guindaste fez a peça deslizar suavemente para dentro do rio. Um zunido baixo ressoou quando a força da água começou a fazer girar as palhetas. As luzes de potência foram acendendo uma a uma, os ponteiros dos indicadores do painel oscilaram até se fixar na zona verde. Era energia suficiente.

  • Perfeição

    Valeria sentia os olhos do sistema na nuca. Aquela era sua terceira avaliação abaixo da média em menos de um mês, e seu escore geral ameaçava chegar perto do limite mínimo. A perda de mais um décimo acarretaria numa visita compulsória a um Centro de Bem Estar.

  • Eu Sou Não Sou

    Qual não foi minha surpresa ao notar tudo ainda em seu lugar. Outdoors anunciando desodorantes milagrosos, carros, apesar de imóveis, infestando as ruas como de costume. Prédios intactos e, naquela padaria do outro lado do quarteirão, frangos ainda girando na máquina.

  • A estagnação dos Celulares

    Apesar da indústria tentar me convencer do contrário a cada minuto, nos últimos anos realmente tenho tido a sensação de que não vale a pena trocar de celular. O que tenho hoje, comprado em 2017 com uma grana extra inesperada, ainda me atende em tudo.

  • Eles passarão, eu passarinho

    “Tudo na vida passa”. Se é verdade, não deveria passar. Tenho avidez por permanências, por tempo duradouro, por qualquer coisa capaz de me fazer sentir menos à deriva no espaço das viradas dos ponteiros do relógio. Eu preciso que algo não passe, não desapareça sem eu sequer saber o porquê. Mas, mesmo assim, tudo, aparentemente, continua passando.

  • Espirais

    Lembro com clareza da primeira referência que encontrei sobre daiva kuncikā. Foi em um livro esquecido de Howard Carter, escrito no início do século XX. Carter entrou para história da egiptologia com a descoberta do sarcófago de Tutankhamon, mas foi um objeto específico, entre os milhares de itens encontrados na tumba, o alvo do único livro escrito por ele fora da área da egiptologia.

  • Cramunhão

    Todos os dias, ao voltar do trabalho, a garota estava perto do ponto de ônibus. Insinuava-se para ele com um “quer se divertir hoje, amorzinho?” ou mostrava o seio e dizia “vem cá, você não vai se arrepender”. Mas Jorge, rapaz de família, bem casado, evangélico e temente ao Senhor, resistia àquela tentação do demônio.

  • Osvaldo

    — Eu não sou real, Osvaldo.
    — Como assim?
    — Como “como assim?”, Osvaldo? Eu não existo, não sou real, você me imaginou. Eu só existo na sua cabeça… quer que eu desenhe?

  • Ovo de Avestruz

    A surpreendi ao celular. Afirmou ser um amiga, mas era mentira. Essa não foi a primeira mentira dela pra mim, e com certeza não seria a última. Também não foi a primeira vez em que decidi não fazer nada a respeito. As pessoas precisam de mentiras, o mundo não sobreviveria nenhum mísero dia baseado exclusivamente na verdade.

  • O Ceifeiro

    Existem pessoas aparentemente incapazes de entender o quão apertada é minha agenda. Gente que, por sofrer com um ou outro problema na vida, sente-se no direito de bagunçar meu complicado cronograma tentando decidir por si mesma o momento da própria morte. Estão sempre querendo furar a fila. Se eles soubessem o quão complexo é remarcar mortes por causas naturais, acidentes ou homicídios, com certeza não fariam isso.

  • Amor e Piçarra

    A primeira vez em que a viu, ela caminhava para ser de outro. Marchava resignada em direção à capela para desposar um homem escolhido pelo pai. Os olhos castanhos dela lhe divisaram o torso nu, cruzando com os seus de soslaio. Acácio parou com a pá. Lhe desgostava a ideia da poeira maculando o branco do vestido da moça. Esperou o cortejo ganhar alguma distância para continuar jogando a piçarra da carroça para estrada.

  • RPG Design — Ferramentas

    Até agora, com exceção de uma explicação anormalmente detalhada do motivo pelo qual fiz cada escolha, nada de novo ou inédito foi apresentado aqui. Tanto a ideia de Atributos quanto a de Competências são aplicações de conceitos comuns no design de RPG. Já a ideia de ferramentas é nova, as ferramentas são um arcabouço conceitual especialmente desenvolvido para dar suporte a lógica do Mono.

  • Bar de finados

    Na minha rua, uma rua sem saída, havia um bar que só abria uma vez por ano, no dia de finados. Funcionava em um casarão colonial meio carcomido e meu avô dizia que era tão antigo quanto a cidade. Quando eu era pequeno, não se podia passar por lá naquele dia. Iam alguns adultos, gente séria e taciturna, mas criança não podia nem dentro nem na porta.

  • Querida Júlia

    Com as mãos tremulas, ela apanhou sobre a cômoda o envelope pardo marcado com o seu nome. O coração já pressentia o conteúdo, mas essa antecipação não foi suficiente para fazê-la desistir de lê-lo, para destruí-lo e fugir daquela verdade incomoda. Não, o desejo pelo o último contato com o marido era maior.

  • Você não viu nada

    Eventos exóticos, é assim que são chamados. Obviamente esse era um termo emprestado de um protocolo da inteligência militar americana. Não existiam planos, ou algo nessa linha, para lidar com esse tipo de coisa aqui. Nosso exército era, e ainda é, basicamente decorativo. Nossa agência de inteligência até hoje é uma piada.

  • RPG Design — Habilidades Adquiridas

    Vamos falar sobre a segunda parte da divisão de características de personagem que pretende cobrir experiência e habilidades aprendidas em um certo âmbito da vida. Quase sempre essas habilidades estarão ligadas a uma atividade profissional, mas além delas não se resumirem a isso, também podem ser construídas a partir de outras experiências do personagem.

  • RPG Design — Características de Personagem

    No início de qualquer projeto que pretende ser essencialmente novo, tudo que você tem é uma página em branco. As vezes é complicado descobrir por onde começar. Felizmente para mim, as linhas guia do meu projeto estavam bem definidas e eu já tinha na bagagem algumas boas referências. Então, havia um norte para me guiar e algumas pistas de por onde eu deveria começar.

  • RPG Design — Motivações e Princípios

    A verdade é: existem milhares de sistemas por aí e, tecnicamente, não existe qualquer motivo para se perder tempo criando mais um. Infelizmente ou felizmente, o ser humano é complexo, e o motivo pelo qual fazemos as coisas não se resume a custo benefício. Esse é o primeiro de, eu espero, um sequência de textos em que vou tentar expor o processo e os motivos que me levaram a tentar criar um novo sistema de RPG. E as agruras e felicidades que surgem pelo caminho.

  • RPG Design — Impressões

    A razão de ser desse artigo, se é que podemos chamá-lo assim, é comentar minhas impressões pessoais sobre desenvolvimento de mecânicas para jogos de RPG de mesa. Como designer amador, no curso do desenvolvimento das minhas próprias mecânicas, me deparei com um leque de elementos que pareciam não ter ancora nos conceitos, métricas ou padrões de RPG design aos quais tinha acesso.

  • Baccarat

    “É um baccarat” Ele disse com os olhos brilhando e um sorriso bobo. Começou a tagarelar sobre a história da peça, de como foi um dos primeiros do tipo e pertenceu a Napoleão III. Afirmou não ter ideia de como aquilo tinha ido parar numa coleção particular, e mais um monte de coisa enquanto saltitava pela sala como uma criança.

    E o salário, meu deus, o salário! Era uma fortuna! Daria pra gente financiar um apartamento. Eu até estranhei aquele dinheiro todo para trabalhar só vinte horas por semana, mas ele argumentou sobre o francês ser um bilionário, de como rasgava dinheiro. O pagamento, perto do valor da peça restaurada no mercado, era troco. “Agora nossa vida vai engrenar”, disse.