Na era do cancelamento do twitter, eu tenho evitado escrever sobre certas coisas, ou, pelo menos, tenho evitado escrever e assinar. Mas hoje acordei com vontade de ser cancelado. Vamos falar de amor-próprio.

Curto muito a ideia das pessoas se amarem como são. Digo, curto no mundo das ideias, eu não sou essa pessoa. Eu não consigo me olhar no espelho sem sentir algum nível de decepção, e isso tem um motivo bem simples de identificar: eu não consigo amar os outros como eles são.

E aqui cabe uma explicação, mais ou menos longa e que faz muito sucesso em festas, de como funciona beleza pro meu cérebro: nem todo mundo que eu acho bonito eu acho atraente, e nem todo mundo que eu acho atraente eu acho bonito. Complicou? Descompliquemos.

Para mim, a beleza tem sim a ver com padrão social de aparência. Eu sei reconhecer quem está ou não está nesse padrão, e categorizar isso numa escala bem longa que vai de feio a bonito. E, nessa escala, eu não gosto da posição em que estou. Inclusive, se o mundo inteiro me achasse lindo eu continuaria incomodado de estar abaixo do padrão.

Já a atratividade, é um negócio mais complicado. Para eu me sentir atraído por alguém, a pessoa estar bem posicionada na escala até ajuda, mas nem de longe é suficiente. Conheço pessoas lindíssimas e super legais que me atraem tanto quanto uma parede bem pintada. Eu aprecio a visão, mas fica por aí mesmo.

Do outro lado, temos gente meio mal colocada na escala e, até meio escrota, que mexe com a minha libido. Ta parecendo lógico, né? Tá parecendo que eu não sou superficial. Mas, não, eu sou sim. Pois, existem pessoas pelas quais eu tenho um sentimento na esquina da atração, pessoas maravilhosas, mas que nunca vão me atrair porque eu acho feias.

No fim das contas, com exceção de algum floquinho de neve muito especial, eu não consigo amar ninguém como é. E eu mesmo não escapo a essa regra.