O que você acha que precisa para ser uma potência mundial, parceiro? Se você respondeu “grana” não tá errado, mas tem país por aí entupido de dinheiro e irrelevante na política internacional. Vou te mandar a real, a resposta é “poder de fogo”. Quando você tem a capacidade de varrer uma nação da face da terra sem muito esforço, você tá no jogo. É por isso que, agora, uns setenta por cento do globo fala o idioma brasileiro. Os parças obrigaram até Portugal a adequar as regras gramaticais deles ao nosso idioma.

Mas, como foi que nossa eterna colônia saiu do status de capacho acarpetado do Tio Sam para bater de frente com os chineses pelo título de super potencia do século? Como quase todo acontecimento relevante por aqui nos últimos seiscentos anos, foi na base da pura sorte.

O ano era 2027, pouco depois do fim de uma pandemia que deu uma chacoalhada econômica e cultural no planeta inteiro, o país estava sendo governado por um grupão meio heterogêneo, com umas inclinações nacionalistas, mas sem a vibe ditatorial dos governos anteriores. Um puta equilíbrio delicado, como é de praxe por aqui. Foi no meio dessa confusão que os verdinhos fizeram contato numa cidadezinha do interior do Ceará chamada Cedro.

Por que lá? Vai saber, companheiro. Ao que parece, eles já estavam de olho na região desde de sempre. Aí você me pergunta: Mas e aquele monte de filme? Esses bichos não estavam andando lá pelos EUAs faz um tempão? Tudo indica que os gringos já tinham conhecimento da existência de vida extraterrestre, e pelo menos uns três países além deles já mantinham relações diplomáticas secretas com ela desde a década de oitenta. Mas o que aconteceu no Cedro, amigo, foi uma parada totalmente diferente.

A primeira diferença foi o evento ser aberto. O contato não foi com oficiais de alto escalão do governo ou das forças armadas. Aliás, quando o governo brasileiro foi tomar conhecimento da situação a coisa já estava em tudo que é stream na rede. Os alienígenas entraram em contato com uma comunidade rural, só tinha agricultor e criador de cabra. Por lá mesmo já foi firmado um acordo de cooperação e eles começaram a construção de uma base avançada perto de um açude. Quando o presidente chegou no lugar, foi só para ser informado de que ele não tinha nada pra decidir ali.

A segunda diferença é que “os visitantes”, o termo politicamente correto inventado para se referir aos alienígenas, deixaram bem claro qual era o acordo. Eles, assim como outras raças alienígenas que tinham visitado a terra nos últimos dois milênios, estavam interessados num recurso exclusivo daqui, e do qual nem tínhamos ideia.

Tem muita ciência quântica multidimensional e até algum esoterismo envolvidos na explicação do como o negócio realmente funciona, mas eu vou tentar simplificar pra você: Aparentemente, o contato natural com o ser humano faz outras espécies conscientes evoluírem mais rápido.

Não pegou? Lembra das aulas de biologia? Darwin? Seleção das espécies? pois é, tipo aquilo. Mas nesse caso o simples fato de estar na sala com um humano força algum efeito genético neles. Claro, isso podia ter dado muito ruim pra nós, com a tecnologia deles teria sido fácil escravizar a gente, ou transformar a nossa raça inteira em pet, com umas coleirinhas eletrônicas bacanas mas, novamente, por pura sorte, não foi por aí.

Eles estavam andando pelo mundo fazia tempo, e já tinham feito muita sonda anal e círculo em plantação antes de descobrir que o efeito só acontecia em circunstâncias muito específicas. Mais uma vez, eu poderia escrever um livro sobre isso, mas vou tentar simplificar: Só rolava numa convivência relativamente pacífica e de igual para igual, e o resultado ainda variava muito de acordo com o lugar ou os costumes.

Por causa desse monte de detalhes, não teve como nem os chineses nem os, na época, chamados de americanos, afetarem o acordo. Houve ameaça de retaliação nuclear? Houve. Mas foi só os visitantes darem ao governo brasileiro acesso a parte do arsenal deles que todo mundo ficou pianinho. As armas deles não eram como as nossas, eles conseguiam evaporar só as pessoas em um certo lugar, sem danificar prédios, infraestrutura e até mesmo sem matar os animais, era tudo por trava de DNA.

E pronto: temos o novo jogador na geopolítica e, dessa vez, sentado na cabeceira.

Em poucas décadas, o contato exclusivo com a tecnologia alienígena transformou o nosso país em líder mundial da indústria, com isso veio uma enxurrada de dinheiro e, em pouco tempo, o nosso idioma e costumes estavam sendo exportados do Oiapoque ao Monte Fuji.

O que você acha que aconteceu quando o Brasil varonil se viu com a faca e o queijo na mão? Depois de séculos de exploração, de pobreza e de comer o pão que o diabo amassou na mão do imperialismo? É amigo, humano é bicho ruim, a palavra do momento é retro-colonialismo, e nós somos a definição dessa merda no dicionário.

Acabamos de impor um governo global com uma orientação democrática, uma espécie de ONU, mas dessa vez com os tupiniquins puxando as cordas. A pressão econômica fez o dinheiro migrar da Europa e dos Estados Unidos para África e América do Sul. O termo “americano” agora é sinônimo de brasileiro, cidadão estadunidense foi obrigado a se contentar em ser só isso mesmo.

O empobrecimento rápido e pesado de um monte de países acostumados a serem as crianças mais importantes do parquinho por metade de um milênio não teve um efeito feliz. Vários grupos anti coloniais surgiram. Como a gente nunca tinha usado a coroa, não tinha ninguém ligado em quanto ódio e vontade de guilhotinar o rei estava se acumulando por aí até ontem, quando o primeiro ataque terrorista da nossa história aconteceu.

“Bomba atinge parte do parlamento mundial em Brasília, matando seis pessoas e ferindo quinze, nenhum parlamentar foi ferido. Grupo conhecido como Frente de Libertação do Norte assumiu a autoria do atentado”.

Mas não por aí não, parceiro, se não tem pão, que comam brioches. Ninguém vai deixar barato um desaforo desses. Vou fechar o feed agora, chega de historinha, tropa. Estamos chegando nas coordenadas do esconderijo desses loirinhos de merda. Agora vamos descer em cima deles com fogo e ódio como só o esquadrão jaguar consegue!